domingo, 3 de agosto de 2008

People


Difícil falar de pessoas. Cada uma com suas manias, tiques nervosos, seu jeito de sentar ou andar, pegar na caneta, de mexer no cabelo. O balançar dos braços quando anda, os dedos que mexem nervosos, a mão que não sabe onde pousar, o cabelo que insiste em cair sobre o rosto, o olhar perdido, triste ou vazio; cada pedacinho desse conta uma história, história essa que talvez não esteja explícita, você vai descobrindo aos poucos, conforme a convivência.
A amigas tagarelas que não calam um minuto, nem quando a gente não consegue mais prestar atenção no que elas falam, ou as caladas que você tem que puxar muito pra saber qualquer bobagem. O silêncio no carro, a falta de assunto, o e-mail não respondido ou recebido de alguém que não se sabe notícias, apenas sabe-se que continua vivo, por isso ainda envia aquelas coisas que não dizem nada. Mas você sente falta quando não vê aquele envelopinho fechado na sua caixa de entrada, mesmo que o conteúdo seja a última piada de português ou o câncer linfático de uma criança de poucas condições.
Pessoas.
Não tente entendê-las, você só pode desvendá-las. Cada uma esconde um mistério, uma história, algo de que se envergonhe ou que tenha orgulho, um segredo, um amor, uma mágoa, uma palavra engasgada, ou uma dita num impulso, uma carta escrita e não enviada, uma recebida e escondida, um desejo contido, um sonho. Quantas cruzam nosso caminho sem nem se saber porquê com suas conversas vazias que fatalmente serão esquecidas quando virarmos a esquina e que talvez lembraremos um dia, com seus beijos descompromissados sem um "oi" no dia seguinte, com suas promessas de amor eterno sopradas no vento um tempo depois. Nem sempre aquela pessoa da qual você sabe tudo e que sabe tudo de você vai ser a que te disse a melhor coisa que você já ouviu na vida. Poderá vir daquela mulher que puxa papo com você no ônibus ou na fila do banco, do cara que pega carona com você ou daquele do qual você não sabe nem o nome.
A vida no prega peças que a gente só entende quando o tempo passa. A vida nos manda chuva quando a gente fez escova no cabelo e sai com aquele sol quando a bolsa carrega um guarda-chuva. Não tente desvendar seus mistérios, apenas desfrute o que ela oferece as pessoas.
O sol e a chuva.
Essas coisas que a gente não dá muito valor.
O segredo da sua felicidade pode estar naquele papo de banco de praça que já pode ter acontecido e você nem se deu conta.
Apenas abra os olhos e sonhe.

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