terça-feira, 27 de maio de 2008

Sou assim... ame-me ou deixe-me...


Tenho uma porção de defeitos. Acho até que precisaria de muito mais do que as duas mãos para contá-los. Mas dá para conviver com eles... dá.
Pra começar: sou chata e reconheço a minha chatice, dizem até que o meu primeiro sorriso é suspeito, daquele tipo que não convence muito, e assim, pensam que além de chata sou também metida e orgulhosa, estas duas últimas características não são verdadeiras. Eu diria que sou blasé.
Tenho muitas teorias, mas confesso que tenho dificuldades em aplicar meus próprios pensamentos. Portanto, faça o que eu digo, não o que eu faço.
Sou rebelde e extremista. Acho que a melhor forma de cortar os males é pela raiz e não meço esforços pra isso. Nem que o corte seja doloroso e deixe marcas.
Magôo com certa facilidade e magoada, não consigo agir normalmente. Armo bico e carranca e é impossível ninguém perceber. Nessas horas sou até capaz de espernear, gritar. Depois fico quieta e passa... embora algumas coisas fiquem guardadas no HD da minha cabeça, esperando o momento propício para uma vingançazinha... É, sou vingativa, acrescente essa característica ao meus defeitos.
Impulsiva. Embora esteja muito mais controlada hoje, quando alguma coisa me tira do sério não tenho o menor medo de enfrentar. Tem sangue quente e pavio curtíssimo.
Temperamental. Ajo de acordo com o meu humor – e ainda tenho meus ciclos de instabilidade. De acordar estupidamente feliz, ou absurdamente triste, sem saber o porquê, sem ter um motivo aparente. Desconto nos outros – fazer o quê? –, geralmente nos mais próximos. Sorry. De mau humor, carrego cascos nos pés e pedras nas mãos. De bom humor, sou capaz de deitar sobre uma poça d´água para alguém não molhar os pés. Ok – exagerei. Mas gosto de agradar, escrever, elogiar. Minha forma particular de manifestar bons sentimentos. "Hostiliza quando quer, agrada sempre que pode" - me disseram uma vez. Boa definição.
Sono e fome me atiçam o mau-humor. Quantas vezes saí P da vida dos lugares porque precisava dormir ou comer? Inúmeras, incontáveis.
O mais interessante é que, acima de todos estes defeitos, hoje eu vejo que a pessoa que mora aqui dentro é bem mais equilibrada. A ponto de reconhecer isso. Porque até certa altura da vida, a única coisa que a gente sabe fazer bem é ver defeitos nos outros.
De tempos em tempos, veja se não é hora de dar uma boa espiada no seu próprio umbigo.
Recorro mais uma vez a Clarice Lispector: " ...meus defeitos, eu vos adoro,minhas qualidades são tão pequenas, iguais à dos outros homens, meus defeitos,meu lado negativo é belo e côncavo como um abismo."

quinta-feira, 22 de maio de 2008


Ás vezes se é anjo porque se quer ser...
Outras vezes porque é preciso...
Ás vezes se é demônio porque é a única escolha
Outras vezes,
Porque é a melhor escolha...
Ser anjo ou demônio
Não é algo para decidir
O instinto costuma falar mais alto
Do que qualquer vontade
Nem tudo faz sentido
Quando se sabe que todo demônio tem asas
E que todo anjo tem paixão.

Mais uma da sessão besteirol


... E Deus fez a mulher...
Houve harmonia no paraíso.
O diabo vendo isso, resolveu complicar...

Deus deu a mulher cabelos sedosos e esvoaçantes.
O diabo deu pontas duplas e ressecadas.
Deus deu a mulher seios firmes e bonitos.
O diabo os fez crescer e cair.
Deus deu a mulher um corpo esbelto e provocante.
O diabo inventou a celulite, as estrias e o culote.
Deus deu a mulher músculos perfeitos.
E o diabo os cobriu com lipoglicerídios.
Deus deu a mulher uma voz suave, doce e melodiosa.
O diabo a fez falar demais.
Deus deu a mulher um temperamento dócil.
E o diabo inventou a TPM.
Deus deu a mulher um andar elegante.
O diabo investiu no sapato de salto alto.
Então Deus deu a mulher infinita beleza interior.
E o diabo fez o homem perceber só o lado de fora.
bjos
Só pode haver uma explicação para isso:
'O diabo é V I A D O!!!!!

Um homem brega é aquele que:

Li isso e dei muitas risadas, seria muito bom que os homens dessem uma lida também e aprendessem umas noçõezinhas de elegância, riscando os itens abaixo das suas vidas. Certamente as mulheres iam agradecer e muito.

Um homem brega é aquele que:
Usa pochete e de vez em quando arrisca colocá-la na transversal, achando que está arrasando.
Compra aqueles sapatos tipo dock side, costurados a mão e tem a sensação de estar usando uma cueca que acabou de tirar da gaveta.
Costuma colocar sapato estilo marroquino com meia esportiva branca, junto com calça preta.
Acha despojado usar camisa de manga curta com gravata, na mais perfeita alusão a Barbosa Bancário Elegante Neto.
Compra calça de cós baixo e não se envergonha de mostrar as cuecas compradas na promoção do Carrefour, aquelas do pacotinho com três, geralmente uma ocre, outra marrom e a terceira vinho.
Passar base nas unhas, fazendo tipo "tô nem aí, tô nem aí."
Usar calça com pregas, já que é um moço de família e precisa se apresentar bem.
Deixar a unha do dedo mindinho crescer, facilitando o momento nobre de tirar caca do nariz.
Ser adepto da camisa pólo porque ela facilita carregar o maço de cigarro no ombro
Ser careca, usar capanga debaixo do braço e uma camisa de seda javanesa

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Taxa de civilidade



A gente paga INSS, CPMF, taxa de lixo e não sei mais o quê. Pois eu acho que em vez de pagar tudo isso bastava pagar o TC – Taxa de Civilidade. Garanto que tanto o governo como nós mesmos sairíamos beneficiados. Para calcular a TC, chequem a lista abaixo para conhecer algumas coisas que isentam do pagamento, e mostram quanto vocês estão contribuindo para o bem-estar público:
* Saber ouvir uma história até o final sem interromper para contar a sua que é muito melhor.
* Falar baixo – até mesmo quando estiver fazendo valer seus direitos.
* Respeitar filas – sejam elas quais forem.
* Conter os impulsos assassinos quando estiver
* Avisar um amigo que ele esqueceu de fechar o zíper da calça, que ele está com um verdinho engastalhado nos dentes, que ele se sentou em cima de um chiclete, que o cabelo dele está esquisito. É falta de caridade cristã não fazê-lo.
* Para homens: ajudar as mulheres a carregar uma mala ou um pacote nitidamente pesados. Elas só não vão gostar se forem tontas.
* Para mulheres: fazer um cafezinho para um namorado ou colega de escritório. Esta gracinha não faz de vocês pessoas subalternas. É só uma gentileza.
* Para celebridades: não reajam com prepotência às situações difíceis. Nada de "você sabe com quem está falando". Dizer por favor e obrigado todas as vezes que a situação pedir.
E lembrem-se:
Ninguém é chic se não for civilizado.

sábado, 17 de maio de 2008

Amar


Andei percebendo que as pessoas que lêem os grandes escritores mundiais e uma infinidade de filósofos não se sentem à vontade em revelar que amam, porque na concepção dos mesmos o amor é retrógrado, é brega, é cafona e careta..E caso insistam em falar desse sentimento vão tentar convencer que o amor é uma criação dos poetas de séculos passados, que nada é mais antiquado que falar de amor.
Pois bem, realmente é muito complicado amar e ser amado, amar e não ser amado ou ser amado e não amar.
Deve haver varias feministas que queima seus sutiãs nas ruas e choram de solidão iluminadas pela luz do abajur da cabaceira cheias de livros da Olympe de Gouge ou da Mary Wollstonecraft.
Vão dizer ainda que o amor ficou para os loucos, para as empregadas domésticas fãs do Fabio Junior, para os idiotas que escrevem “que sem você não viverei”, para os homens fracos e as mulheres sem ideais.
Mas o que custa ser brega para amar? ser tolo? ou mesmo louco? No fundo todo mundo se rende a uma boa paixão, a um coração acelerado ou uma saudade no peito, mas será que os “gênios” têm coração?
O amor não é uma equação, nem um teorema, não é uma teoria, é uma loucura simples e humana, não é preciso esforços para sentir, com também não faz sentido querer compreender, ele é apenas o amor e será que isto não basta. Será que ele não se define nele mesmo e suas caretices cafonas? É tão tolo aquele telefonema sem nada o que falar, é tão brega aquele bilhete de cinema guardado na gaveta, mas é tão bom sentar e não falar nada e apenas se olhar e se cheirar, e não pensar em quem construiu e com qual finalidade inventaram o amor, sem lembrar do papo dos feromônios e as aproximações das pessoas, das regras da Micro física do poder.
Que me desculpem os intelectuais, namorem menos suas teorias, assumam a idiotice por um instante... Todas as questões problemáticas da humanidade e do universo vão se perder em apenas um abraço.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

O que é a solidão


O que é solidão?
Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo...
Isto é carência!
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
Isto é saudade!
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes para re-alinhar os pensamentos...
Isto é equilíbrio!
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente...
Isto é um princípio da natureza!
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
Isto é circunstância!
Solidão é muito mais do que isto...
SOLIDÃO é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.

Fico ainda com a verdade cortante de Clarice Lispector:
"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Quando me amei de verdade

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome...Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é...Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é...Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... Saber viver!!!

Cultivando o otimismo

Se você foi vítima de preterição em serviço, reconhecerá que isso aconteceu em favor
da sua elevação de nível.
Se perdeu o emprego ante a perseguição de alguém que lhe cobiçou o lugar, creia que
alcançará outro muito melhor.
Se um companheiro lhe atravessou o caminho, atrapalhando-lhe um negócio, transações mais lucrativas aparecerão amanhã em seu benefício.
Se determinada criatura lhe tomou a residência, manejando processos inconfessáveis,
em futuro próximo terá você moradia muito mais confortável.
Se um amigo lhe prejudica os interesses,subtraindo-lhe oportunidades de progresso e ajustamento econômico, guarde a certeza de que outras portas se lhe descerrarão mais amplas aos anseios de prosperidade e de paz.
Se pessoas queridas lhe menosprezam a confiança, outras afeições, muitos mais sólidas
e mais estimáveis, surgirão a caminho, garantindo-lhe a segurança e a felicidade.
Mas nunca persigas, não atrapalhes, não desconsideres, não menosprezes e nem prejudiques a ninguém porque sofrer é muito diferente de fazer sofrer e a dívida é sempre uma carga dolorosa para quem a contraiu.

- Mensagem de Chico Xavier-

O filme O Caçador de Pipas


Depois de ter lido o livro e ter me emocionado com o enredo do mesmo, assisti ao filme o Caçador de Pipas, e mais uma vez constato que adaptações de livros para o cinema nem sempre funcionam. No caso de O Caçador de Pipas, o resumo de partes consideradas essenciais da história e a falta de emoção estragaram o filme.
O resumo de três décadas retratadas pelo romance, não passou para mim os sentimentos existentes no livro sobre a bela história do jovem afegão Amir e de seu leal amigo Hassan.
O início do filme causa um pouco de estranheza, principalmente pela rapidez com que a infância das duas crianças no Afeganistão, assim como a mudança no relacionamento delas, é retratada. Apesar de todos os fatos essenciais para que a trama seja compreendida estejam lá, a sensação da falta de um narrador ou de uma interação maior entre os personagens para que os conflitos sejam mais aparentes é inevitável.
Em resumo, a adaptação do romance para as telas, não me agradou, não tem nem comparação com a comovente história criada por Housseini. Portanto, fica aqui o conselho para quem ainda não leu o livro: não o troque pelo filme e para os que leram evitem fazer comparações.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Antes de ser mãe


Tantas coisas eu fazia antes de ser mãe. Uma delas era ter calmas conversas ao telefone e cultivar plantinhas em vasos sem me preocupar se elas eram venenosas ou não.
Antes de ser mãe eu não tropeçava em brinquedos e não sabia de cor, nenhuma cantiga de ninar.
Antes de ser mãe eu dormia a noite toda e nunca, ninguém vomitou nem fez xixi em mim. Nunca fui beliscada por dedinhos de unhas finas e nunca tive que segurar uma criança chorando para que pudessem ser aplicadas injeções ou vacinas.
Antes de ser mãe eu não conhecia a sublime felicidade escondida atrás de uma risadinha e a tristeza infinita em olhos marejados.
Eu não conhecia esse laço estreito e forte que me fazia levantar a noite a cada 10 minutos para me certificar de que tudo estava bem e nem imaginava que algo tão pequenininho pudesse fazer-me tão importante. Nunca pude imaginar o calor, a alegria, o amor, a dor e a satisfação de ser uma mãe e nem sabia que era capaz de ter sentimentos tão fortes.
Hoje, meus filhos já não são pequenos, mas continuam sendo meus bebês e assim vão ser por toda a existência. Eles são a razão da minha vida, e por tudo e apesar de tudo, agradeço sempre a Deus por ser essa pessoa tão forte, fortaleza que só é conferida às mães.

sábado, 3 de maio de 2008

A Lei de Murphy e as mulheres




Diz a Lei de Murphy que “Se algo pode dar errado, dará”. É nas pequenas tragédias do dia-a-dia em que a lei dos pessimistas se apóia. O livro “A Lei de Murphy e as mulheres” vai além, ele trata do universo feminino segundo a ótica de Murphy.
A Lei de Murphy funciona mais ou menos assim: você se arruma lindamente para um encontro, só que o cara não vai. Provavelmente o encontro se dará ocasionalmente, alguns dias depois, no corredor de um shopping. Nesta data você estará de TPM, inchada, e com uma enorme espinha no rosto. Oh céus, ninguém merece!

Certamente você se reconhecerá em muitas situações retratadas pelo livro "A Lei de Murphy e as Mulheres". Uma mistura divertida que retrata as pequenas tragédias da vida. Confira algumas passagens impagáveis:

“Se uma criança entra por uma porta cobrindo você de beijos, procure imediatamente o que ela quebrou.”

“Se seu filho pode optar entre três universidades no Brasil, outras duas no exterior ou uma bolsa para uma especialização na Sorbone, ele vai acabar fazendo um curso de teatro. E vai colocar a culpa em você.”

“Se você entrou numa loja só para olhar, vai ser assediada por todos os vendedores. Se, no entanto, precisa comprar algo com pressa, não vai haver nenhum vendedor disponível.”

“Se o sapato é confortável, já saiu da moda.”

“Uma mulher que for ao médico com o dedão do pé inflamado e estiver usando seu pior sutiã vai ouvir do médico que seus seios precisam ser examinados.”

“Nenhuma mulher descobre que seu rímel escorreu antes de chegar e casa e se olhar no espelho”

“Se a espinha não der cabo de você, a menstruação dará.”

“Ao sair do cabeleireiro com aquele penteado que levou horas para ficar pronto, você será pega por um terrível temporal. E é claro, não terá levado guarda-chuva.”

“O homem que mais encantou você na festa está se mudando definitivamente para a Austrália. Em três horas.”

sexta-feira, 2 de maio de 2008

O Pequeno Príncipe


Quando lí o Pequeno Príncipe pela primeira vez devia ter entre 10 a 11 anos. Lembro-me que tomei emprestado da biblioteca da escola que estudava e pouco ou nada entendí da narrativa, mas apeguei-me ao Pequeno Príncipe que à primeira vista passava a imagem de um ser desprotegido, frágil, delicado,
Alguns anos depois retomei a leitura e desta vez encantei-me com a narrativa poética na qual o autor vai elaborando sua visão de mundo. Saint-Exupéry mergulha no próprio inconsciente e reencontra "a criança que existe em cada um de nós". No mundo dos adultos, essa criança teve de assumir diversos papéis, agindo como "um homem sério ou como um vaidoso, um dominador, um bêbado, um sábio, um trabalhador sem direito a um minuto de descanso...." E terminou por sufocar a visão poética que foi sua primeira relação com o mundo.
O caminho para trazer de volta esta criança de lá do fundo do poço em que o autor se sente mergulhado é sofrido, porém maravilhoso. O Pequeno Príncipe demonstra que milhares de leitores já se tornaram "cativos" dessa viagem através do deserto e encontraram este personagem que lhes propõe alguns "enigmas" bem difíceis: "Para que servem os espinhos? O que quer dizer cativar?" E, a cada vez que ele voltar, não aceitará como resposta o silêncio, nem frases vagas e impensadas. Através de imagens simbólicas, as passagens de ordem temporal, na vida do autor, estão ali presentes: casamento e separação, profissões, sonhos,decepções.

C A T I V A R

(Trecho de "O Pequeno Príncipe" - de Saint-Exupéry)

- Bom dia, disse ele.
- Bom dia, disseram as rosas.
- Quem sois ? perguntou o príncipe
- Somos rosas.
- Ah! exclamou o principezinho...

E ele sentiu-se extremamente infeliz. Sua flor lhe havia contado que ela era a única de sua espécie em todo o universo.
E eis que haviam cinco mil, igualzinhas, num só jardim!

Depois refletiu ainda: "Eu me julgava rico de uma flor sem igual, e é apenas uma rosa comum que eu possuo... Isso não faz de mim um príncipe muito grande..." E, deitado na relva ele chorou.

Foi então que apareceu a raposa:

- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho.
- Quem és tu? Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste.
- Eu não posso brincar contigo, disse ela. Não me cativaram ainda
- Que quer dizer "cativar" ?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços ?
-Tu és ainda para mim um garoto igual a cem mil outros garotos.
E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim.
Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas se
tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim ÚNICO no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
E a raposa continuou:
- Minha vida é monótona. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música.
E depois, olha!
Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil.
Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti.
E eu amarei o barulho do vento no trigo...
- Por favor... cativa-me! - disse a raposa.
- Bem quisera, disse o principezinho. Mas tenho pouco tempo e amigos a descobrir e coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa.Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma.Compram tudo pronto na lojas. Mas como não existem lojas de amigos, eles não têm mais amigos.
Se tu queres um amigo, cativa-me !
- Que é preciso fazer ?
- É preciso ser paciente. Sentarás primeiro longe. Eu te olharei e tu não dirás nada.
A linguagem é fonte de mal-entendidos. Mas cada dia sentarás mais perto... E virás sempre na mesma hora. Se tu vens às 4, desde às 3 eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às 4 horas, então, eu estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade.
Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração...

Assim, o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho. Eu não queria te fazer mal, mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis.
- Mas tu vais chorar !
- Vou.
- Então não sais lucrando nada!
- Eu lucro, por causa da cor do trigo.Vais rever as rosas e volta. Tu compreenderás que a tua é ÚNICA no mundo.
E ele disse às rosas:
- Vós não sois iguais à minha rosa, vós não sois nada.
- Ninguém vos cativou e nem cativastes ninguém.
- Sois como era a minha raposa, mas eu fiz dela um amigo.
- Agora ela é ÚNICA no mundo.
- Sois belas, mas vazias... A minha rosa sozinha é mais importante que vós todas.
- Foi dela que eu cuidei, ela é a minha rosa!
- Adeus, disse ele.
- Adeus, disse a raposa.
- Eis o meu segredo: Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante.
Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
TU ÉS RESPONSÁVEL PELA ROSA...
- Sou responsável pela minha rosa...repetiu ele a fim de se lembrar...


"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Minha Avó


Tive uma avó feita de sonho e de amor. De luta e de dificuldades. De açúcar e de sal.
Tive uma avó que cheirava rosas brancas, terra molhada de chuva e bolinhos de fubá.
Tive uma avó de rosto redondo, sorriso fácil, olhos azuis e cabelo branquinho como as rosas que cultivava com tanto carinho no seu imenso quintal.
Tive uma avó sábia, cuja sabedoria foi conquistada no alto de uma vida plena, difícil, onde criou bravamente seus 6 filhos sozinha, vez que não tolerando os maus tratos do marido – meu avô, mandou-o passear sem muitas delongas, numa época em que mulher separada do marido era degredada da sociedade como alguém portadora de uma doença contagiosa.
Tive uma avó que tinha o dom da palavra, do conselho, que sabia ouvir, acolher, entender, repreender, sem julgar.
Uma doce guerreira da vida.
Tive uma avó que foi muito mais que uma avó, foi meu porto seguro, meu colo, meu exemplo, minha direção e meu orgulho.
Há mais de uma década que ela nos deixou, mas a saudade e as lembranças eternizaram na minha mente, por isso, hoje minha homenagem é pra você, vó querida.


A Viagem
Em algum lugar destas terras, há um doce olhar só para você... Um olhar especial, de alguém especial de distantes origens... Um olhar de um justo coração que pulsa só a vida, que sorri porque ama plenamente sem julgamentos, preconceitos, nem distinções.
Hoje, como ontem, longe desses céus, há um encantado olhar só para você... e nesse olhar vai para você a magia da luz, a simplicidade do perdão, a força para comungar
uma vida.
Hoje, de algum lugar dentro de você, alguém que já o amou muito, e ainda o ama,
diz para você que valeu a pena ter estado nestas terras, sob estes céus, falando
de paz, união, amor, perdão. Poder sentir a força que faz você sorrir e continuar o caminho... que um dia aquele doce olhar iniciou para você.
Tudo isso, só para você saber que a vida continua... E que a morte, é uma viagem.

Autor Desconhecido