terça-feira, 19 de julho de 2011

O Hospício Particular de Oswaldo Montenegro



Entrar no apartamento do cantor e compositor Oswaldo Montenegro, no Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, é como cair dentro de um quadro expressionista abstrato. Tintas coloridas parecem deslizar pelas paredes, pelo teto e chão, pelos móveis e até eletrodomésticos. “Pinto cantando, dançando, gritando, pulando”, diz o artista, que levou quase seis anos para gotejar todo o ambiente de cores. Por que fez isso? “Porque gosto do caos. Porque isso significa o desquite da realidade, da qual tenho pânico. Porque a vida fora da arte fica insuportável. E é minha única chance de não ir para o hospício.” Foi degustando uma taça de vinho e fumando uma cigarrilha que Oswaldo Montenegro mostrou seu curioso apartamento à ISTOÉ – com cadeiras, mesa, micro-ondas, violão, geladeira, cortinas, relógios, espelhos, etc. lanhados por tinta acrílica – e falou, com muita naturalidade, que não bate bem da cabeça. “Na verdade, eu sou retardado mental. Esse veredicto foi dado por uma junta de oito psicólogos. Sou considerado incapaz para algumas coisas e superdotado para outras, mas não tenho a camada intermediária. Não conheço o aprendizado.”

“Sou retardado mental. Sou considerado incapaz para algumas coisas e superdotado para outras”



Por Eliane Lobato




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