quarta-feira, 1 de outubro de 2008

No clássico Alice através do espelho, do escritor inglês Lewis Carroll, há uma interessante passagem em que Alice conversa com a Rainha Branca a respeito do futuro e do passado. A Rainha oferece a Alice um salário para que esta se torne sua dama de honra, salário este que inclui uma dose de saborosa marmelada todo dia de ontem e de amanhã. Alice se mostra confusa: o ontem já passou,o amanhã está por vir. Como vivemos sempre o presente, ela nunca veria a geléia. A Rainha diz, então: “Mas isto é o que ocorre quando se vive para trás. No começo agente sempre fica um pouco confusa”. O tempo nos confunde assim como confundiu a Rainha Branca e a pobre Alice, o tempo é infindável para aqueles que sempre estiveram ali e que nunca foram vistos.
O tempo é infindável para os compulsoriamente solitários. O tempo dos angustiados, dos esperançosos. Dos aflitos. Dos idiotas. Dos perdidos. Dos enamorados. Dos desiludidos. Dos loucamente encantados. Dos vadios. Dos que ainda esperam. Dos que desesperam. Dos que não suportam. Dos que quase gritam pelo amor que se perde. Dos malditos. Dos bêbados. Dos sóbrios. Dos ingênuos. Dos maliciosos.

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