quarta-feira, 19 de março de 2008

Estranha mania de acreditar nas pessoas

Várias e várias vezes ao dia, eu perco minha fé no ser humano.
Quando um homem faz tudo para conquistar uma mulher, e, após conseguir,tira o corpo fora, dizendo que "foi ela quem começou" e "ela se iludiu porque quis, eu não tenho nada a ver com isso".
Quando uma criança, filha da minha vizinha, sai arrancando TODAS as
guirlandas de Natal das portas (inclusive a minha), e a mãe dela vem bater na nossa porta acusando minha mãe de ter deixado o enfeite muito à vista.
Quando presencio discussões onde prevalece apenas a noção de "eu bom, você ruim".
Quando quero comprar uma bandeja de uvas no supermercado e quase todas têm um furo na embalagem.
Quando noto que os trabalhos mais discretos não são valorizados, apesar de facilitarem a vida de todos. Ninguém sabe quem foi que arrumou os livros na prateleira, esvaziou a lixeira do computador, atualizou o antivírus, prendeu os documentos importantes com um clipe, etiquetou coisas, guardou os grampeadores na gaveta.
Mas essa fé volta sempre. Volta porque eu lembro de quando me deixaram passar primeiro pela porta, ou me contaram algo engraçado quando eu estava triste, ou quando me inseriram numa conversa onde eu não conhecia ninguém, ou quando me lembraram de um compromisso importante. De quando alguém disse : "Eu não faço idéia de como ajudar, mas eu vou tentar assim mesmo".
Nesses momentos, eu noto que as pessoas misturam dentro de si o sal e o açúcar. E a gente tem de viver assim, salpicando açúcar e acertando o sal.

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