segunda-feira, 2 de junho de 2008

Berimbau ou harpa?

Eu que sou baiana e não sei tocar nem berimbau (que tem apenas uma corda) estou preocupado com o meu QI. E pior: já saí no Olodum no carnaval(e me diverti muito com o batuque).
Alguém sabe onde e como posso medir o meu QI? Preciso urgentemente saber se sou oligofrênica, débil mental, idiota ou
simplesmente imbecil.
Mesmo sendo baiana da gema, acabo de comprar uma harpa. Fi-lo porque qui-lo, como diria o inteligentíssimo mato-grossense Jânio Quadros.
Foi complicado encontrar uma harpa à venda aqui, na bendita cidade do Salvador. Baiano não é muito chegado a essas coisas. As poucas existentes estão em museus e, sabe-se de uma, em casa de um professor, doutor, coordenador universitário.
Minha harpa tem quarenta e seis cordas e sete pedais e seu desenho é semelhante àquele usado nas harpas dos Caldeus, em 600 a.C..
Tive alguma dificuldade em contar todas as suas cordas. Confesso, que me confundi umas três ou quatro vezes e que foi necessária a ajuda de um amigo, o Antônio, muito mais sagaz que eu, para a consecução da tarefa.
Optei pela harpa na esperança de elevar meu QI a números estratosféricos, seguindo uma nova teoria evolucionista que vem sendo elaborada e desenvolvida por médicos aqui da Bahia. Nunca dantes se viu coisa igual.
A tese é a seguinte: quanto mais cordas você tocar, mais inteligente você é. Portanto, violonista que toca violão de doze cordas é mais inteligente do que o bandolinista que toca em oito cordas, que por sua vez é mais inteligente do que o baixista que é tão inteligente quanto o cavaquinista,
e assim sucessivamente.
Como você já percebeu, na base da pirâmide do intelecto estão os tocadores de berimbau. O que me encanta nos estudos científicos é a profusão de novas e revolucionárias idéias. Claro, pesquisa serve mesmo para isso. Pena o Brasil ter que reformar apartamentos de reitores magníficos e sobrar pouco recurso para as pesquisas. Com mais dinheiro poderíamos estudar a influência da percussão no resultado dos vestibulares, por exemplo. Bum,bum, bum, bum, bum ajuda ou atrapalha o batuqueiro a ingressar na universidade? Se ajudar, o faz mais em medicina ou engenharia?
Outra pesquisa interessante seria relacionar curso a instrumento musical. Para Direito é melhor tocar um instrumento de sopro, clarinete, talvez.
Quer sucesso nas ciências econômicas, então toque oboé, e assim por diante.
Comprovadas estas hipóteses, melhorar-se-ia muito o Desempenho dos alunos
nos exames avaliatórios, tipo ENADE e OAB.
Apenas uma coisinha me intriga quanto ao resultado de tudo isso. É que
dentre os instrumentos que conheço, o mais parecido com a harpa é o
berimbau. Na verdade o berimbau é uma harpa de corda única. É uma prova de
inteligência dos seus inventores; substituir quarenta e cinco cordas e sete
pedais por uma cabaça, uma vareta, um caxixi e uma pedra, e tirar daí, os
sons necessários para uma existência feliz é fantástico.
O berimbau é mais barato, mais leve, portátil, de fácil manutenção e
mercadologicamente mais demandado.
Tirante eu ou outro insano qualquer, ninguém compra uma harpa e leva pra
casa, mas todo o mundo compra um berimbauzinho de lembrança, não é mesmo?
Tocar berimbau não é para qualquer um. Dizem que é um dom de Deus. Extrair
de uma única corda a profusão de sons que os tocadores conseguem deve ser
mesmo obra dos deuses.
Imagino um berimbau tocando os famosos e harmônicos temas natalinos!!!
Maravilha!!!
Ansioso, espero o desenrolar das novas etapas da pesquisa.

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