Eu creio em Anjos quer voem ou não sobre Berlim. Sei que em mim pensam, me protegem, me sorriem, me aparam alguma lágrima su viso, pois se tu és um, testado no que afirmo como não acreditar na santidade que é o amor que nada pede, tudo dá tudo oferece, com sutileza... Há anjos? Há, sim, há anjos de verdade.
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
O Tempo
Nunca o fator tempo foi tão questionado, aliás, a falta dele. As obrigações diárias nos transformam em formigas laboriosas sempre em busca de soluções materiais para suprir as dificuldades do tenebroso inverno que nos ameaça a cada manhã, seja ela cinzenta ou ensolarada.
Nosso lado prático e ganancioso nos obriga a carregar um talo de grama bem maior que a nossa força, esmagando nosso lado cigarra.
Nunca temos tempo. Para ser e até para não ser. Para arrumar ou desarrumar.
Nunca temos tempo. Para trabalhar ou rever amigos ou descansar e desfrutar as distrações. O tempo de férias não conta, é um tempo planejado, que mais se assemelha a um trabalho free lancer do que a uma espontânea inquietação. Viagem, pagar as contas com antecedência, procurar alguém para cuidar da casa, do cachorro, manter a água das plantas...
Não temos tempo a perder, muito menos a ganhar. Meu tempo transformou-se curiosamente na minha falta de tempo. Sempre me desculpando, sempre alegando algum outro compromisso. Ainda mais para quem não aprendeu a dizer não. Eu desmarco, não nego nada. O constrangimento de cancelar algo me transtorna. Fico dias sem dormir aventando perdões absurdos.
Existe um único antídoto para a falta de tempo. Um único. Estar apaixonado. Esquecer de si para inventar o desejo. O desejo transforma-se no próprio tempo. Tudo é adiado. A dispersão nos leva a reparar nas janelas, nos interruptores, nos sapatos dos colegas. Nada mais tem tanto significado do que se aprontar, ensaiar e aguardar perfumado o encontro. Compromissos sérios pulam de casas e horários. Antes imutáveis, as reuniões trocam de vôo de modo nervoso. O trabalho passa violentamente rápido. Não há o medo de se proteger. A imaginação pára a escrita em um só nome.
Aconselho a quem não tem tempo: apaixone-se. Perca a cabeça na guilhotina. Entregue seus pés para a espuma. Permita a cintura subir como um chafariz. Não pense que vai dar errado. O que pode dar errado já aconteceu antes. Dentro do tempo.
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